Quero falar de graça

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Esse desejo me bateu assim que eu recebi essa foto. Tirada por uma amiga em um momento comum em minha semana. Comum, porém, muito especial. Nem eu sabia como me parecia em momentos assim. Mas quando eu me olhei ali naquela imagem um mundo de sentimentos me invadiu. Era rendição, entrega. Era um esvaziar-me e um encher-me ao mesmo tempo. Era eu ali. Inteira. Prostrada em uma gratidão genuína. Sim, eu estava grata. É um clichê enorme dizer que todos os dias temos algo a agradecer. Porque todos sabemos quantos dias difíceis temos. Tenho os meus, garanto. Mas entender o significado de graça fez toda diferença em mim. Favor não merecido. Eu jamais pensei que consideraria graça a dor lancinante que senti ao perceber meu mundo todo cair e minha vida mudar em fração de segundos. Quando me vi sozinha tendo que recomeçar, sim do zero, consegui respirar fundo e agradecer pela chance do recomeço. De uma forma sobrenatural eu sabia que aquele momento doloroso era o que eu precisava viver. Quando as decepções se apresentaram para mim, tão ousadas, caras de pau mesmo, titubeei. Mas breve pude sentir a graça que havia sido esse filtro, que tira de nós quem não deve ficar. No momento em que me revoltei por não poder cumprir meus planos, minhas determinações prévias sobre onde eu deveria ou gostaria de viver e, bem devagar, assisti, dia após dia, meu coração se transformar e inclinar-se ao que deveria ser desde o início. Depois de tantas experiências as quais eu não teria como contar aqui, eu me rendi a verdade de que sempre desfrutei da graça de Deus. Em todos os meus momentos de desespero e angústia ela estava lá. Não foram poucas as vezes em que eu me sentei no chão, chorei e pensei, Senhor, agora só um milagre. E como se só bastasse pedir, ele aconteceu. Quando me vi nessa imagem, senti uma vontade incontrolável de falar da graça de Deus na minha vida. Do quanto ela me sustenta, me anima, me impulsiona ao meu destino. Viver na graça é desfrutar de socorro, presença, amor, sem ter feito esforço algum para isso. É um presente dado, não por mérito, não por feitos. Hoje me vejo uma mulher completamente diferente. Arrisco dizer que tenho uma noção muito melhor do meu próprio tamanho. Conheço meus limites, minhas fragilidades, meus espinhos e minha força. Essa foto me trouxe a consciência de que sou quem sou hoje, pela graça. Porque confio e dependo dela. Era disso que eu queria falar.    

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