Quando a dor se torna amiga by Jéssica Molina Galter

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Desde a fundação do mundo, a morte que nos mantêm vivos existe! Uns ignoram, outros agarram com a força do braço. E, sim, ela está ali – a morte, propícia às melhores ou piores pessoas. Pessoas essas que com fé ou sem fé, de estaturas medianas ou pardas são pegas pelos sustos do destino. Em quais situações? Adversas! É o irmão mais velho que se entregou às drogas, é pai que abandonou a família, é mãe que está em depressão profunda, é o término de um relacionamento, é política atual do país. Todas as situações de morte que nos mantêm vivos marcam. É o sentimento do corpo que permanece instável, até você engolir os respingos da alma chorosa nas encostas dos ossos. É a respiração que para por alguns minutos para encarar você ao dizer: o que está por vir? E apesar do fardo da existência pesar nos ombros, o melhor da morte que nos mantêm vivos é quando ela se mostra uma dor amiga. Ela pode ter qualquer nome, desde Ana Carol até Vanessa, desde Guilherme até Vitória, mas você sempre a encontra quando as lágrimas não encontram fôlego e somente a voz de fundo faz-se ouvir: – Está tudo bem? Eu sei que não, quer me encontrar? Quer dormir em casa fim de semana? Quer comer brigadeiro até entupir a artéria do coração? Quer requebrar a boca do balão? E o mesmo sentimento daqueles filmes de guerra, quando o soldado sai pro campo de batalha com a família olhando no portão e, para ter um final feliz, ele retorna no Natal só para mostrar que a vida tem gosto de esperança. Uma vez, um homem chamado Jesus Cristo, subiu um alto monte para revelar um dos segredos mais cruciais para a história da humanidade: ‘Ele era o salvador de todos os seres viventes, era o Cristo marcado pelo amor, alegria e restauração’. E na revelação da graça, três homens participaram do momento: Pedro, Tiago e João, aqueles que tocaram o coração do Rei pela amizade de uma verdadeira caminhada. Ali não existia nada além de um profundo amor e compaixão; sem interesses materiais, sem troca de favores. E uma verdadeira amizade é isso. É puxão de orelha com a mão direita para acariciar os cabelos com a esquerda. É incentivo na hora da dor. É força na hora da fraqueza. É luz no caminho quando os pés estiverem perdidos. É dar significado às letras quando as mesmas embaralharem. É evolução em colmeia! Sempre me falaram que você colhe o que planta, eu completo: quando você adubar a terra e, mesmo assim, tudo desmoronar, você descobrirá a importância das mãos amigas puxando o braço cansado. Quando as ervas daninhas invadirem seu canteiro verde e cheio de frutos, você enxergará as mãos amigas puxando-lhe para um novo despertar. Na história da humanidade, J.R.R.Tolkien não poderia ter vivido sem conhecer Lewis. Vinícios de Morais não poderia ter vivido sem Tom Jobim. Davi não poderia ter vivido sem conhecer Jônatas. Com isso, percebemos que a caminhada terrena pode até exigir solidão, mas a maioria dos passos se dá de mãos dadas, em conjunto. Por isso, permita-se andar de alma e coração com aqueles que choram suas feridas e alegram-se com seus sonhos. A vida será mais leve quando mesmo em meio à multidão, você entender que jamais estará sozinha. Jéssica Molina Galter  

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