Que momento

Tem pouco mais de um ano que minha vida começou a mudar. Na época confesso me parecia apenas mais uma fase daquelas. Difíceis, estranhas, em que vez por outra entramos sem entender, baixamos a cabeça e como bois, bravos trabalhadores, seguimos em frente. Eu ainda não tinha o entendimento do que estava acontecendo. Tive um sonho bem impactante em uma das noites dessa época. Eu, no meio de um terremoto sentada em uma cadeira, minha afilhada chorava no meu colo. Eu em paz. Observava a destruição a minha volta. Tudo, absolutamente tudo, ruía. Eu via as construções implodindo, pedaços de concreto e ferro voavam por toda a parte. Podia ver tornados se aproximando e passando ao meu redor. Enquanto eu assistia. Acordei sobressaltada. Primeiro pensando que algo pudesse estar acontecendo com minha afilhada. Nada. Esqueci. Segui me aprofundando cada vez mais naquela fase. Dia após dia um novo fato. Um problema esquisitíssimo e sem explicação no trabalho. Desenterro de coisas entre amigos. Pessoas. Sempre pessoas, meu bicho favorito. Antigas amizades, enraizadas, parte mesmo da minha história, foram sendo tiradas de mim. Uma a uma. Eu não entendia. Alguns momentos se disfarçaram de fim de ciclo. Ilusão. O tombo foi grande. Como sempre, não paramos para prestar atenção em nossos processos. Olhamos a superfície calma de nosso oceano e esquecemos que as ondas começam lá no fundo. Principalmente os tsunamis. Foi depois de muito pensar me dei conta do que havia pedido. Ou melhor implorado. Em um momento de exaustão profunda, meses antes, caminhando aos prantos em uma praia, recorri à Deus. Eu disse: Pai, pode fazer. Entrego tudo. Tudo o que sinto. Tudo o que penso, pois não consigo mais seguir assim. Eu autorizei. E isso é importante pois Deus jamais invadirá sua vida. Ele só entra quando convidado. Quando recebe a sua permissão. Mas amigo, quando você pede. Não pode incorrer no meu erro. O de não se preparar, pois a coisa vem. E vem de um jeito que a gente não tem condição de lidar sem ajuda, Dele mesmo. O terremoto foi meu aviso. Era Ele o tempo todo. Eu não percebi, mas a obra havia começado. A destruição de todas as minhas antigas estruturas. Todas. A principal e mais doída delas, a minha estrutura de confiança. Levou tempo, mas ela foi ruindo. Pedacinho por pedacinho. Conheci verdades que jamais conseguiria imaginar sobre o porto seguro que inventei para mim. Entendi episódios antigos. Chorei lágrimas velhas. Me vi sem nada. Sem nada do que criei como meu refúgio. Que criei como minhas fortalezas. Todas elas ruínas agora. Prostrada na incredulidade do que via e sentia indaguei, supliquei. Mas lembrei apenas daquele sonho. Tudo sendo destruído ao meu redor. Ficando apenas eu em meio aos escombros. A salvo. Era Ele o tempo todo. Em que momento estou agora? Na limpeza do entulho. Sabendo de antemão que ainda virá o tempo de cavar buracos fundos em minha alma para que uma nova fundação seja edificada. E aí sim, em cima dela, novas estruturas sejam construídas. Essas, na rocha que é a verdade, a confiança e o amor de fato incondicional. Dessa vez que eu aprenda onde colocar meu refúgio, meu porto seguro, minha confiança. Porque dessa vez só tenho uma escolha e já a fiz. Ele. I will build my life, upon Your love It is a firm foundation I will put my trust, in You alone And I will not be shaken.  

3 comentários em “Que momento”

  1. Você é uma pessoa muito linda de dentro e de fora e grandes coisas Deus há de fazer com a sua vida entregue nas mãos dEle! Articulou muito bem esse processo que passamos às vezes e tem razão, Deus é um cavalheiro mas quando a gente pede e dá espaço Ele invade mesmo!

    Agradeço a Deus porque você tem coragem de usar o imenso talento que tem para o reino dEle e vejo que você faz parte da conquista daquela montanha que coincide com esse talento! Beijos

  2. Muitas vezes não entendemos os propósitos das coisas e porque acontecem justamente conosco. Mas há um amor maior, alguem que olha por nós e nos coloca nos caminhos certos, mesmo que para nós não faça sentido. Mas lá na frente entenderemos o motivo de cada tormenta e de cada trovão e cada decisão que tivemos que tomar. Todas as coisas contribuem para o bem de quem ama.

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